O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) concluiu a análise preliminar do apagão nacional ocorrido na última terça-feira (15). Segundo o operador, a abertura, por atuação incorreta da proteção da linha de transmissão LT 500 kV Quixadá-Fortaleza II, de propriedade da Chesf/Eletrobras, ocasionou o primeiro evento da ocorrência.
Ainda de acordo com o ONS, o desligamento isolado não causaria o impacto visto no Sistema Interligado Nacional (SIN), e, neste sentido, a apuração continua, com aprofundamento da análise por equipes do operador.
Uma reunião com os agentes envolvidos, além do Ministério de Minas e Energia (MME) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está marcada para o próximo dia 25. O objetivo é avaliar, detalhadamente, as causas e as consequências da ocorrência. Tal avaliação será consolidada em um Relatório de Análise da Perturbação (RAP), que leva cerca de 30 dias para ser concluído.
O levantamento realizado até o momento da sequência de eventos verificada em 15 de agosto, quando foi registrada interrupção no fornecimento de cerca de 18.900 MW no SIN, indica que houve, após a abertura da linha, afundamento brusco de tensão seguido da atuação de proteções de caráter sistêmico instaladas no SIN, as quais têm por objetivo conter e minimizar a propagação das perturbações no SIN, além das proteções intrínsecas dos equipamentos.
De acordo com as conclusões preliminares já alcançadas, as proteções sistêmicas, que são mecanismos automáticos de intervenção no SIN, com destaque para a proteção de perda de sincronismo (PPS) e o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), foram sensibilizadas de modo a evitar oscilações no sistema após a ocorrência do distúrbio inicial. As indicações preliminares são de que a atuação dessas proteções foi correto.
Além disso, cabe destacar que a atuação do ERAC foi uma das razões que permitiu o rápido restabelecimento de 100% da carga no Sul e no Sudeste/Centro-Oeste em aproximadamente uma hora.
“Tivemos um evento de grandes proporções e uma resposta ativa e adequada. A análise preliminar aponta as causas do ocorrido e agora vamos aprofundar os estudos para redefinir mecanismos de prevenção. As ações de segurança que foram adotadas permitiram, por exemplo, que subsistemas que não estavam no centro do problema tivessem uma retomada mais rápida da carga”, afirma o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.
Cronologia da recomposição das cargas desligadas:
- A ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre essas regiões.
- Às 08h43 foi iniciado o restabelecimento das cargas da região Sul, sendo concluída às 09h05.
- Às 08h52 iniciado o restabelecimento das cargas do Sudeste/Centro-Oeste, sendo concluída às 09h33.
- O SIN foi 100% recomposto às 14h49.