O relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) indica que um recorde de 680 gigawatts (GW) de capacidade de energia eólica deverá ser instalado no mundo nos próximos quatro anos. A expectativa é de que sejam instalados 136 GW por ano até 2027.
Para isso, alerta o conselho, os formuladores de políticas precisam garantir que os gargalos da cadeia de suprimentos não diminuam o crescimento da fonte e coloquem em risco o cumprimento das metas climáticas, de acordo com um relatório do setor divulgado nesta segunda-feira (27).
Em 2022, a capacidade instalada de energia eólica aumentou 78 GW globalmente em relação a 2021, para 907 GW. No entanto, o ritmo de novas instalações eólicas caiu 17% em relação a 2021.
Os Estados Unidos foram os principais responsáveis por essa desaceleração, embora também tenha havido diminuição na América Latina – apesar do novo recorde alcançado no Brasil, com capacidade onshore somando 24 GW –, África e Oriente Médio.
Dos 78 GW instalados no ano passado, cerca de 69 GW se referem a usinas onshore, com destaque para o aumento de potência na China (32,5 GW), EUA (8,6 GW) e Brasil (4,0 GW).
No caso da América Latina, o GWEC espera que 26,5 GW de energia eólica onshore sejam adicionados entre 2023 e 2027, com o Brasil contribuindo com 60% (16 GW) e consolidando sua liderança regional.
A energia eólica ganhou espaço na matriz elétrica brasileira nos últimos anos, fazendo com o que país chegasse à 6ª posição no ranking de Capacidade Total Instalada de Energia Eólica Onshore do GWEC. Em 2012, o Brasil estava no 15º lugar.
“Tanto o recorde de capacidade instalada nova quanto a manutenção de sua posição no ranking demonstram a força e a resiliência do país, que soube aproveitar oportunidades de crescimento por meio de leilões privados e acordos bilaterais de compra de energia (PPAs), no mercado livre”, disse a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Dificuldades na cadeia de suprimentos
Embora o GWEC espere que 1,2 TW de nova capacidade seja instalada até o final da década, isso representa apenas 68% da capacidade necessária para ajudar a limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 graus Celsius.
“Atender a essa demanda requer cadeias de suprimentos mais fortes em todo o setor de energias renováveis –justamente em um momento em que as cadeias de suprimentos são ameaçadas pela inflação, aumento das taxas de juros, geopolítica e gargalos”, disse Morten Dyrholm, presidente do GWEC.
De acordo com o relatório, a capacidade ociosa na indústria de fabricação de energia eólica provavelmente desaparecerá até 2026, a menos que ocorram investimentos urgentes na cadeia de suprimentos, capacidade industrial, bem como treinamento e habilidades.
Para a energia eólica offshore, a capacidade de montagem de turbinas da Europa não será mais capaz de suportar o crescimento fora do continente e terá que dobrar em relação aos níveis atuais para atender apenas à demanda europeia.
Tanto a Europa quanto os Estados Unidos enfrentam o risco de deficiências na cadeia de suprimentos, especialmente se seguirem com políticas para centralizar a produção e a manufatura no mercado interno, disse o relatório.
Com informações da Reuters