Um estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) aponta que o acréscimo global de geração renovável deverá registrar volume recorde em 2023 e 2024 e atingirá a capacidade acumulada de 4,5 TW ao final do próximo ano. As adições globais de capacidade renovável devem superar os 440 gigawatts (GW) neste ano, acompanhando uma tendência de melhoria na competitividade da energia eólica e solar fotovoltaica desde o ano passado.
Em 2022, o mundo adicionou 295 GW, 9,6% a mais que em 2021, e fechou o ano com 3,3 terawatts (TW) instalados. De acordo com o estudo, o volume supera toda a capacidade de energia instalada na Alemanha e Espanha juntas.
Atualização do mercado de renováveis publicada nesta quinta (1) vê um crescimento sem precedentes no setor, impulsionado por políticas de incentivo, preocupações com a segurança energética e melhoria da competitividade em relação às alternativas de combustíveis fósseis.
Liderança
No ranking das adições, a China lidera e deverá responder por quase 55% da nova capacidade renovável em 2023 e 2024. Em seguida vêm Europa, Estados Unidos e Índia, onde novas políticas de enfrentamento à crise energética e incentivo à indústria nacional ajudarão a impulsionar aumentos significativos nos próximos dois anos.
Para o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, a crise global de energia mostrou que as renováveis são essenciais para tornar o abastecimento mais limpo, mas também mais seguro e acessível – e os governos estão respondendo com esforços para implantá-los mais rapidamente.
“Mas alcançar um crescimento mais forte significa enfrentar alguns desafios importantes. As políticas precisam se adaptar às mudanças nas condições do mercado, e precisamos atualizar e expandir as redes de energia para garantir que possamos aproveitar ao máximo o enorme potencial da energia solar e eólica”, defende.
Fotovoltaica é destaque
A capacidade solar fotovoltaica, incluindo sistemas distribuídos de grande e pequena escala, responde por dois terços do aumento projetado para este ano.
Ainda segundo estudo da IEA, há um ambiente favorável para a tecnologia, especialmente para sistemas residenciais e comerciais que podem ser rapidamente instalados para atender à crescente demanda por energia renovável.
Entre os motivos estão os preços mais altos da eletricidade causados pela crise energética global e as políticas de incentivo à fonte, principalmente na Europa.
“Essas aplicações fotovoltaicas distribuídas menores estão a caminho de responder por metade da implantação geral de energia solar fotovoltaica neste ano – maior do que a implantação total de energia eólica onshore no mesmo período”, diz o documento.
Eólica em recuperação
Os dados do estudo apontam que, após dois anos consecutivos de declínio, as adições de capacidade eólica onshore estão a caminho de uma recuperação de 70% em 2023 para 107 GW.
“Isso se deve principalmente ao comissionamento de projetos atrasados na China após as restrições do Covid-19 do ano passado. Uma expansão mais rápida também é esperada na Europa e nos Estados Unidos como resultado dos desafios da cadeia de suprimentos que empurraram o comissionamento de projetos de 2022 para 2023”, afirma a IEA.
Por outro lado, a agência não se espera um crescimento acelerado no offshore como observado há dois anos, devido ao baixo volume de projetos em construção fora da China.