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Gás: ‘Ampliação do atendimento é um dos grandes desafios’

Marina Melo, diretora-presidente da Potigás: 'O gás natural é o combustível da transição energética' (Foto: Edilberto Barros)

Sandra Monteiro

Canal da Energia

 

Na entrevista deste domingo (22), o CANAL DA ENERGIA conversa com a diretora-presidente da Companhia Potiguar de Gás (Potigás), Marina Melo. À frente da companhia há um ano e quatro meses, a executiva fala de metas e investimentos da Potigás.

Marina Melo destaca ainda a ampliação da rede de atendimento como um dos maiores desafios a enfrentar nos próximos anos. Atualmente, em todo o estado, a companhia conta com cerca de 40 mil clientes.

Boa leitura.

 

CANAL DA ENERGIA – A senhora ocupa, há pouco mais de um ano, o cargo de diretora-presidente da Potigás. Quais suas metas à frente da gestão da companhia e o que já foi alcançado até aqui?

MARINA MELO – A Potigás é uma empresa de infraestrutura, então nossas principais metas dizem respeito ao aumento da infraestrutura de gás dentro do Rio Grande do Norte, que é nossa zona de concessão, fazendo com que o gás chegue a mais indústrias, comércios, postos de combustíveis, residências e à população em geral. Temos conseguido avançar nessa meta, à medida que estamos chegando em novos municípios e ampliando nosso volume de investimentos. Outra meta que trago comigo e que está em implementação é investimento em inovação para que possamos pensar em soluções mais modernas e inovadoras, para isso queremos criar um programa de inovação dentro da companhia.

 

CE – Em todo o Rio Grande do Norte, a Potigás atende, atualmente, mais de 40 mil clientes, somados Mossoró e municípios da Grande Natal. Quais os gargalos que a companhia ainda precisa superar para conseguir expandir a rede de atendimento e ampliar o número de clientes no Estado?

MM – Nos últimos anos, a Potigás tem intensificado suas obras de extensão de rede. Em 2019, tínhamos 416 quilômetros de rede e hoje a empresa conta com mais de 525 quilômetros. Ou seja, um crescimento acima de 25% nos últimos anos.  Mas a Potigás iniciou, recentemente, um movimento para repensar os investimentos da empresa a partir da perspectiva do cálculo regulatório, de uma forma que garanta a sustentabilidade da companhia ao longo dos anos. Com isso, os investimentos para os próximos anos irão aumentar de forma significativa e poderemos ampliar a rede para chegar a regiões que ainda não estamos, além de saturar o mercado onde já estamos instalados.

 

CE – Por falar em Mossoró, a senhora anunciou, recentemente, que a Potigás investe na expansão da rede de atendimento na cidade. Qual a cobertura atual da companhia no município e quanto pretende alcançar até o final de 2024?

MM – A Potigás tem quase 60 mil metros de gasodutos em Mossoró, abrangendo as principais ruas e avenidas da cidade, além do polo industrial. Nos últimos anos, chegamos a bairros como Alto de São Manoel, Bela Vista e Alto da Conceição, que anteriormente não tinham rede.  Até o final de 2024, a rede de Mossoró será acrescida em quase 18 mil metros, principalmente dentro da fase 1 do Polo Gás Sal, que irá expandir a rede até o município de Areia Branca.

 

CE – Avançar nesse processo de ampliação no atendimento seria o maior desafio que a senhora tem pela frente na presidência da Potigás?

MM – Esse é um dos grandes desafios que temos, de chegar em municípios que ainda não são atendidos pela Potigás como é o caso de Areia Branca, que já está com o projeto todo orçado. Também está no planejamento da empresa a expansão para o município de Tibau do Sul, onde fica o polo turístico de Pipa. Outra frente de trabalho é a saturação das redes onde já atuamos.

Outro grande desafio que posso elencar é a questão da diversificação dos supridores de forma a garantir uma tarifa competitiva para o mercado potiguar de forma que a empresa sirva ao estado como vetor de desenvolvimento econômico do estado. Porque quando temos uma matéria prima tão importante para a indústria como o gás natural com um preço atrativo, a indústria local fica mais competitiva porque consegue baratear o custo de produção.

Inclusive, nessa questão de diversificação de supridores, a Potigás pretende trazer ainda mais a questão do renovável, que permita avançar na transição energética como o biogás e o hidrogênio verde.

 

CE – De que forma a Lei 14.134/2021 – Nova Lei do Gás pode contribuir para a ampliação no atendimento e maior alcance no fornecimento de gás nos segmentos comercial, residencial, veicular e industrial no Estado?

MM – A nova lei do gás no âmbito federal fez surgir a necessidade de regulação por parte dos estados. Tivemos muitas discussões com toda a cadeia e que levou à construção da lei estadual 11.190, de 04 de julho de 2022, que estabeleceu as normas relativas à exploração dos serviços locais de gás canalizado no Rio Grande do Norte. Foi uma lei bem ranqueada e bem avaliada na questão da segurança jurídica para futuros investidores e para a Potigás.

A lei estadual inaugurou a figura do consumidor livre, que é um grande consumidor de gás natural que, em vez de comprar o gás da distribuidora, pode comprar direto do produtor, pagando à Potigás somente o uso do sistema de distribuição. Porque a Potigás não é uma vendedora de gás. Nosso negócio é construir infraestrutura de gás canalizado no Rio Grande do Norte, operar e manter esse sistema. Então temos uma lei moderna e com segurança jurídica para os operadores no nosso estado.

 

CE – A Potigás lançou, no início deste mês, o projeto para construção do Polo Gás Sal, gasoduto que atenderá, principalmente, a indústria salineira na Costa Branca e na Região de Mossoró. Poderia detalhar o projeto?

MM – O Polo Gás Sal é um projeto que irá levar infraestrutura e mais desenvolvimento para a região da Costa Branca. Conta com um investimento de R$ 26 milhões para expandir em 46 mil metros a rede de gasodutos, que irá seguir pela BR-110, saindo de Mossoró e chegando até Areia Branca, beneficiando dez comunidades ao longo do caminho. As obras serão iniciadas no próximo ano e devem se estender até 2026. O novo gasoduto irá possibilitar o atendimento da indústria salineira, garantindo mais competitividade para os produtos fabricados no nosso estado. Além disso, também beneficiará postos de combustíveis, comércios e residências já instalados na região. O novo gasoduto também tem potencial para atrair novas empresas para o polo.

 

CE – Em fala recente, a senhora afirmou que, nos próximos três anos, a Potigás dobrará o investimento na Região Oeste. Saltará dos 24,5 milhões nos últimos três anos para 50 milhões nos próximos três anos. Além do gasoduto, quais outros investimentos estão previstos para esse período?

MM – O investimento de R$ 50 milhões será para todo o estado, sendo R$26 milhões apenas para a Região Oeste. Também estão previstos aportes na modernização de equipamentos e processos da distribuição de gás. Além disso, temos a previsão de investimentos no biogás para avançarmos na questão do renovável. O gás natural é o combustível da transição energética porque é o combustível fóssil mais ambientalmente sustentável em virtude da baixa emissão. Então pretendemos avançar ainda mais nesse segmento.

 

CE – No mês de novembro, a Potigás completará 30 anos de criação. Quais fatos destacaria como essenciais ao crescimento da companhia nesse período?

MM – Um dos fatos que destaco foi o atendimento dos segmentos comercial e residencial. No início de sua operação, a Potigás atendia somente indústrias e postos de combustíveis, que são segmentos muito importantes, mas com crescimento limitado. Quando passamos a atender comércios e condomínios, a empresa cresceu significativamente o número de clientes e em volume também. Mas um fator que considero primordial para o crescimento da companhia é o corpo técnico de funcionários que a Potigás possui. Temos profissionais altamente capacitados, experientes, competentes que têm possibilitado o crescimento da empresa ao longo dessas três décadas.

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