O governo federal pretende investir R$ 50 bilhões na produção de energia renovável neste ano, principalmente de fontes eólica e solar. Quando o plano de investimento estiver concluído, o Brasil deve ter um aumento de um ponto percentual na geração de energia renovável em relação ao total da energia gerada no país, passando dos atuais 85% para 86%.
Os recursos serão empregados na expansão no sistema de transmissão, que será realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Estão planejados cerca de 14 mil km de novas linhas de transmissão — aumento de 8% na extensão total de linhas do país — e 13 novas subestações.
A maioria desse investimento será no Nordeste, com o objetivo de aproveitar o potencial de geração de energia renovável presente na região (eólica e solar), escoando o excedente dessa produção para os consumidores do Sudeste e do Centro-Oeste.
Dois leilões devem ser realizados neste ano. As empresas vencedoras dos certames terão o compromisso contratual de executarem as obras em um prazo que pode variar de 36 a 72 meses, a depender da complexidade do empreendimento, e a obrigação de manter a operação pelo período de 30 anos.
Atualmente, a capacidade do sistema elétrico brasileiro é de 211 GigaWatts (GW). Esse total considera toda a capacidade acumulada disponível para a geração de eletricidade no Brasil. Na prática, trata-se de quanta energia o país conseguiria gerar.
De acordo com dados da Aneel, 23,4 mil unidades geradoras ofereciam juntas uma potência de 190,79 GW, sendo 103,2 GW (53,58% do total) de usinas hidrelétricas de grande porte, 46,15 GW (24,70%) de termelétricas e 24,92 GW (13,12%) de usinas eólicas.
Complexo na Paraíba
Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi à Paraíba para participar do lançamento do Complexo Renovável Neoenergia. O início das obras ocorreu em 2019, e o parque está em plena operação desde o início de 2022. O evento inaugurou a entrada da operação associada das usinas solar com as eólicas do complexo, pioneira no país nesse tipo de associação.
O complexo tem mais de 15 parques eólicos, 136 aerogeradores (gerador elétrico integrado ao eixo de um cata-vento), com capacidade de 621 MegaWatts de potência instalada, sendo 471 MegaWatts de fonte eólica e 150, solar. Essa energia gerada consegue iluminar, em média, mais de um milhão de domicílios. Considerando somente a carga residencial, estima-se que possa atender um estado como Sergipe.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), esses 621 Megawatts (MW) de potência instalada podem representar uma geração elétrica estimada de 2.030 GWh no ano, cerca de 60% da geração elétrica da Paraíba em 2021 e valor superior às gerações dos estados do Acre e Roraima e do Distrito Federal somadas para o mesmo ano.
O governo argumenta que, além de desenvolver socialmente a região, o complexo será um agente de descarbonização do país, com previsão de redução de 125,5 mil toneladas de dióxido de carbono lançadas na atmosfera por ano. O país tem meta de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030.